Memória Descritiva
Uma parte importante da poluição sonora em edifícios resulta da propagação de ruídos através das estruturas, nomeadamente do ruído de passos e dos ruídos de equipamentos, maquinaria ou instalações. O corte elástico entre os equipamentos e os elementos de construção é uma das principais técnicas de isolamento daquele tipo de ruídos. Na gama de frequências audíveis, aquele corte consiste na utilização de sistemas multi-camada, com camadas resilientes, em pavimentos flutuantes e aplicação de apoios antivibráticos discretos, no caso de vibrações em baixas frequências. Existem diversas soluções disponíveis no mercado, tais como apoios do tipo mola em aço ou elastómeros.
Observa-se, presentemente, um grande interesse na utilização de resíduos industriais, como forma de reduzir o impacto ambiental das actividades industriais e de explorar o valor acrescido que aqueles desperdícios possam apresentar. Em Portugal, a indústria da cortiça é um dos sectores onde têm sido desenvolvidos esforços para tratar os resíduos provenientes da actividade produtiva.
Portugal é o maior produtor de cortiça, estimando-se a produção anual em 190 000 toneladas. Este produto natural abastece um sector industrial com grande relevância para a economia do país, movimentando 75% da indústria corticeira mundial.
Contudo, entre 20 e 30% da matéria-prima recebida em fábrica acaba por ser rejeitada, uma vez que se trata de pó ou grãos demasiado pequenos para terem interesse comercial. A maior parte destes resíduos é utilizada como biomassa, mas como se produzem cerca de 50000 a 80000 toneladas verifica-se um enorme potencial para reutilização, caso venham a ser identificadas novas aplicações.
Outra indústria importante é a Arrozeira, estimando-se uma produção anual de 160 mil toneladas por ano. Desde sempre que os sectores agrícolas têm gerado grandes quantidades de resíduos, o que despertou o interesse em perceber as questões técnicas, ambientais, sociais e económicas associadas a estes materiais. O arroz é um dos cereais mais consumidos à escala mundial, o que tem contribuído significativamente para a produção de resíduos, nomeadamente a casca de arroz, subproduto com potencial de aplicação em vários domínios, estimando que se produzam 25 a 50 mil toneladas por ano.
Esta preocupação com a reutilização de desperdícios tem atraído o interesse da indústria para a aplicação dos resíduos, designadamente na procura de aplicações na indústria de construção (como exemplo, refira-se a obra de referência do Pavilhão de Portugal na Exposição Universal de Xangai). Nas últimas décadas, a indústria tem tentado expandir o uso de cortiça e casca de arroz como material de construção, através da melhoria da qualidade e desempenho de produtos existentes e do desenvolvimento de novos materiais que incluem esses resíduos na sua composição. Contudo, a aplicação de cortiça em edifícios pela indústria da construção tem-se limitado principalmente a isolamentos térmicos e acústicos. A utilização da casca de arroz, no sector da construção, ainda não foi muito explorada.
É importante o desenvolvimento e caracterização detalhados de componentes feitos com aglomerado de cortiça expandida em conjunto com a casca de arroz utilizado para reduzir a propagação de ondas acústicas e vibrações.
Publicações:
- António, J., , Tadeu, A., Nascimento, J., Pedro, F., Martins, A. Dynamic properties of a composite made of granulated cork and rice husk, 40th IAHS World Congress on Housing, 16-19 de Dezembro de 2014, Funchal, Madeira, Protugal.